RECOMENDAÇÕES PARA OS PACIENTES PEDIÁTRICOS COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19

12 de julho de 2020 | DOENÇA DE CROHN, DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS, RETOCOLITE ULCERATIVA | 0 Comentários

O Departamento Científico de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) vem, nesta nota de alerta, informar sobre recomendações para os pacientes pediátricos com doença inflamatória intestinal (DII) durante a pandemia de COVID-19 (“Coronavirus disease 2019”)

Atualmente existe uma preocupação crescente com o risco de os pacientes com DII serem infectados com o SARS-CoV-2, visto que a presença de comorbidades está associada a piores desfechos clínicos em pacientes com COVID-19. Além disso, muitos pacientes com DII fazem uso de imunossupressores (por exemplo, azatioprina, metotrexato) para induzir e manter a remissão da doença.

O uso de tais compostos tem sido associado a um risco aumentado de infecções, no entanto, diferentemente dos agentes virais comuns (Adenovírus, Rinovírus, Norovírus, Gripe, Vírus Respiratório Sincicial), os coronavírus não demonstraram causar uma doença mais grave em pacientes imunossuprimidos. Para esta família de vírus, a resposta imunológica do hospedeiro aparece como o principal fator de dano ao tecido pulmonar durante a infecção; nesse cenário, um hospedeiro imunocomprometido pode ser potencialmente protegido por uma resposta imune mais fraca contra o vírus, diminuindo a cascata imunológica de citocinas inflamatórias.

O grupo pediátrico de DII da ESPGHAN descreveu a experiência de 102 centros pediátricos de DII afiliados ao grupo. Até 26 de março de 2020, foram relatadas 7 crianças com DII que foram infectadas pela COVID-19, todos os pacientes apresentaram doença leve, sem necessidade de internação, mesmo os em uso de imunossupressor.

Dados coletados da plataforma SECURE-IBD descrevem 704 pacientes com DII que contraíram COVID-19, sendo 9 casos no Brasil até 22 de abril de 2020. Foram relatados 3 casos de crianças entre 0 e 9 anos de idade e 28 casos entre 10 e 19 anos, mas nenhum com admissão em UTI ou óbito, embora 11% da faixa etária de 10 a 19 anos necessitou hospitalização.

Com base nos dados disponíveis, as crianças com DII têm um curso predominantemente benigno de COVID-19, com sintomas leves e quase nenhuma mortalidade relatada. Crianças com DII, em tratamento ou não com imunossupressores, não parecem ter um risco aumentado de infecção pelo SARS-CoV-2 em comparação com a população em geral.

Até o momento dispomos de recomendações com base principalmente em opiniões de especialistas e elas devem ser interpretadas no contexto de cada paciente. É importante ressaltar que essas recomendações podem ser modificadas e atualizadas à medida que novas evidências científicas sobre a infecção pelo novo coronavírus forem surgindo.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

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