Que tipo de problema os pacientes podem ter nos órgãos mais comprometidos pelas MEI e qual a gravidade caso não sejam tratados?
Algumas MEI, como artropatia periférica tipo I, eritema nodoso e episclerite, surgem durante os períodos de atividade inflamatória e respondem bem ao tratamento da inflamação intestinal, evoluindo para resolução completa e sem sequelas. Outras, como espondilite anquilosante, sacroiliíte e colangite esclerosante primária, não estão relacionadas à atividade inflamatória intestinal, apresentam curso evolutivo independente da doença intestinal e devem ser abordadas com os cuidados inerentes a cada manifestação.
Ainda há aquelas que podem ou não estar associadas ao processo inflamatório intestinal, entre as quais destacam-se o pioderma gangrenoso, que quando não abordado de forma adequada pode ocasionar sequelas cutâneas e musculares definitivas; e a uveíte, que quando tratada em condições de urgência pode levar à perda da visão.
Assim, independentemente do tipo da MEI, o reconhecimento e a abordagem terapêutica adequada e precoce são importantes, pois tais manifestações têm grande impacto na qualidade de vida, na morbidade e mortalidade da DII.
Em muitas ocasiões, as MEI são mais incapacitantes do que a própria DII, por serem responsáveis por tratamentos mais agressivos como imunossupressão mais ‘pesada’, indicação de tratamentos cirúrgicos, a exemplo de transplante hepático, e por ocasionarem sequelas que limitam as atividades físicas e laborais dos pacientes.
Fonte: “Muito mais que sintomas intestinais”, entrevista com a Dra Maria de Lourdes de Abreu Ferrari, coordenadora do Ambulatório de Intestino do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG, responde em entrevista para a ABCD – ABCD em Foco, Edição 69